Como reconhecer se sofro Violência Doméstica?
Este é um assunto muito pertinente para falarmos em nosso agosto lilás; a violência doméstica tem como maior índice, nas relações heterossexuais, justamente ocasionadas pela desigualdade de gênero, ou seja, devido à lógica equivocada de pensamento, em que a mulher é menos e o homem é mais. Eis então um dos principais caminhos para se iniciar a violência doméstica.
Na qual o homem tem que ser o detentor da razão na relação e a mulher deve ser submissa, acatando qualquer decisão, mesmo que fira os princípios e valores dela. E quando não se há uma relação saudável, aonde exista diálogo, parceria, compreensão, a “conversa” começa alcançar o lado da violência, para que determinada ideia seja aceita; e na maioria das vezes a mulher que é violada tanto, fisicamente, psicologicamente e/ou moralmente.
Dado isso, a violência doméstica, sai do campo de uma ‘mera’ briga de e se torna um campo de responsabilidade à saúde pública, inclusive existe a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) e a Lei do Feminicídio (Lei 13.104/2015) para proteger as pessoas que estejam nessa condição de violência doméstica e através das políticas públicas de assistência a esse grupo, promover uma modificação no olhar para esse tipo de relação; pois apenas a denúncia isolada sem intervenção para compreender este fenômeno, não da conta de promover mudanças efetivas.
Nessas relações existem quatro pontos de suma importância, para serem observados, e que caracterizam a continuidade no comportamento de uma relação violenta, essas são:
*A fase de TENSÃO caracterizada pela irritabilidade do homem, em que a violência dele se manifesta por olhares, mímicas, atitudes ou pelo timbre da voz. A mulher, por sua vez, procura acalmar a situação, renunciando aos seus desejos e procurando satisfazer o companheiro (Macarine e Miranda, 2018; p. 165).
*AGRESSÃO ou EXPLOSÃO o homem começa a perder o controle e apresenta comportamentos violentos através de gritos, insultos, ameaças, quebrando objetos da casa e, muitas vezes, chegando a agredir a mulher fisicamente. Esta violência física vai se dando de forma gradativa ao longo dos ciclos, começando por empurrões, passando por tapas e podendo chegar a homicídios em casos mais graves (Macarine e Miranda, 2018; p. 165).
*DESCULPAS ocorre quando o homem procura anular ou minimizar seu comportamento, por estar arrependido ou não, justificando-o através de meios externos (raiva, bebida, problemas do trabalho), bem como fazendo promessas de que irá mudar e que as agressões não irão se repetir (Macarine e Miranda, 2018; p. 165).
*E FASE DA RECONCILIAÇÃO o homem apresenta-se agradável, atencioso, gentil, carinhoso, procurando agradar a companheira. Já a mulher, acaba ficando esperançosa e volta a acreditar que ela é capaz de mudar o companheiro, já que os dois estão vivendo relativamente bem. É nesse momento que, em geral, a mulher acaba retirando e desistindo da sua queixa na delegacia.
Apresentado esses pontos, é nítido como o comportamento de violência tem uma, longa duração, até que este ciclo seja quebrado; é necessário reconhecimento de ambas as partes, para que tanto o agressor, quanto a agredida compreenda a situação. Devemos levar em consideração também, que a falta de conhecimento de si, a baixa autoestima, a dependência emocional pode causar relações abusivas e violentas e tais comportamentos devem e podem ser tratados em terapia, para que haja o reconhecimento de tais ações e uma mudança efetiva.
Contudo, vemos a necessidade de promover modificação no padrão relacional, para que os casais possam se relacionar de maneira mais sadia, respeitando a subjetividade de cada indivíduo, não pautando as frustrações de outros relacionamentos ou até mesmo do atual um para o outro, mas aprendendo a lidar com a problemática no campo individual, até mesmo, para extinguir essa lógica patológica de violência, evidenciando novas possibilidades para que o indivíduo possa ter relações saudáveis.
*** Texto desenvolvido pela Psicóloga Camila Santos Souza (CRP 06/149281).
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
MACARINI, Samira Mafioletti e MIRANDA, Karla Paris. Atuação da psicologia no âmbito da violência conjugal em uma delegacia de atendimento à mulher. Pensando fam. [online]. 2018, vol.22, n.1 [citado 2021-08-10], pp. 163-178 . Disponível em: . ISSN 1679-494X.
