Outubro Rosa - Se Toque, Se Sinta, Se Olhe Mulher
Outubro é o mês destinado à campanha de prevenção contra o câncer de mama. Conhecido no mundo inteiro desde 1990, a campanha se direciona as mulheres devido ao alto índice da doença no sexo feminino, sendo apenas visto no sexo masculino, de forma rara, com a porcentagem de 1% dos casos. Já dando para entender, o porquê o cuidado é voltado para as mulheres.
Atualmente, vemos que trazer a sociedade para um mês de campanha não parece ser uma tarefa tão difícil, visto que, esse ano, a campanha tem completado 30 anos de história; isso produz algo um tanto quanto esperado anualmente, mas o que apresentamos como reflexão neste texto é pensar nos modos e cuidados que temos com nosso corpo feminino no tocar, sentir e olhar, na construção do mundo e como se apresenta no mundo.
Com base no INCA (Instituto Nacional de Câncer) 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com medidas preventivas, ou seja, isso trás uma maior chance de não ter a doença quando se há os cuidados preventivos. E como entender os riscos para se prevenir? Existem 3 fatores que faz com que uma pessoa tenha maior chance de contrair essa patologia que são os fatores comportamentais/ambientais, genéticos/hereditários e reprodutivos/hormonais.
Os fatores comportamentais e ambientais têm haver com que, por meio do nosso comportamento, inserimos no nosso ambiente, como uso de bebidas alcoólicas, exposição à radiação, má alimentação e sedentarismo. O genético e hereditário está voltado com o histórico familiar a respeito da patologia, seja de mama, ovário e até mesmo se ocorreu alguma alteração genética. Já o reprodutivo e hormonal também estará voltado para um histórico, porém de cunho pessoal, como menstruação precoce (antes dos 12 anos de idade), tratamento com uso de anticoncepcional ou reposição hormonal, não ter tido filho, ou ter após os 30 anos. Tudo isso pode contribuir para um câncer de mama.
Outra coisa importante salientar, como fator de risco, é a não amamentação, visto que, amamentar pode auxiliar a diminuir a probabilidade de se desenvolver o câncer de mama.Vejamos que essa escolha pode promover diversos benefícios, não apenas para o bebê, mas também para a mamãe que opta passar pelo processo da amamentar.
Vejamos então que pensar na prevenção seria se colocar em sentido oposto aos riscos, sendo que alguns deles são inerentes, como os fatores genéticos. Entretanto, quando conseguimos quebrar alguns tabus e falar sobre isso no contexto familiar, sobre o histórico, os hábitos e fazer consultas preventivas e até mesmo a ir em um médico especialista, quando sentir qualquer aspecto diferente na região da mama, são fatores preventivos.
Por falar em Tabu, quando pensamos que muito pouco ainda se fala sobre conhecer o corpo e seus sentidos e formas, percebemos que as mulheres, historicamente, sofreram desde os primórdios repressões sobre sua própria habitação (corpo) e com o jeito de ser, como por exemplo, “você é muito sentimental”, “se tocar é pecado”, “isso não é para menina” ou uma das piores “mulher não deve se comportar assim”. E a pergunta que fica é: como uma mulher deve se comportar? Quantos séculos a mais vão precisar, para tomarmos consciência da necessidade de se tocar, conhecer nosso corpo, regras, limites, sonhos e desejos que emerge apenas dentro do universo feminino? O campo exterior não pode barrar de nos colocarmos à frente de sentir e agir, pelo que acreditamos ser o melhor para esse corpo que aqui habita, com respeito, amor, força e dedicação.
Assim, vemos que uma das primeiras formas de prevenção é conhecer quem somos, de onde viemos e a onde queremos chegar. Desse modo, o cuidado começa a fazer sentido com o zelo ao se olhar, de forma carinhosa, em buscar uma alimentação saudável, se movimentar, inserindo atividade física na rotina, buscando ajuda médica ao sentir algo fora do normal, cuidar da saúde psicológica e emocional, saber seu histórico familiar, entre outros cuidados. Tudo isso, vai trazendo a responsabilidade de nosso mundo (interno) e modo de ser mulher no mundo (exterior).
POR: Mônica Dantas Honorato
Psicóloga Clinica- atendimento na CRP serviço de Psicologia
CRP: 06/148646
Referência:
INCA. Tipos de câncer: câncer de mama. 2020. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-mama. Acesso em: 12 out. 2020.