UM PROBLEMA CHAMADO: ANSIEDADE

A Ansiedade faz parte da natureza humana e foi identificada pelos nossos ancestrais como sinal de perigo e de ameaça, sendo utilizado como um mecanismo de sobrevivência.
O aspecto fisiológico da ansiedade traz consigo o medo e o temor de algo, do desconhecido. Voltemos a pensar a ansiedade no tempo dos nossos antepassados, onde as pessoas, em especial a figura do homem, tinham um determinado objeto a combater: a caça - necessitando estar sempre atento para não virar comida.
Com a civilização moderna outros inimigos surgiram e ocuparam o espaço e o tempo dos ancestrais. O que era real e factível, diga-se de passagem, se tornou irreal e invisível, assim, a capacidade fisiológica de reagirmos a essas situações também evoluíram, porém, “a caça” permanece presa em nós mesmos.
A era moderna ficou conhecida como a Era da Ansiedade. Viver nessa sociedade moderna e contemporânea é viver agitado, correndo, consumindo, sendo competitivo, buscando e alcançando expectativas, dormir tarde, acordar cedo, estudar, trabalhar, sair com amigos, namorar, cuidar da saúde, reunião com familiares e mais dezenas ou centenas de compromissos que nos deixam agitados e na expectativa de algo o tempo todo. Eis a condição do homem moderno.
A Ansiedade é uma sensação de que algo poderá acontecer a qualquer momento, é um estado de alerta que a pessoa fica como se estivesse esperando o telefone tocar nos próximos segundos... Agora, imaginem esta sensação o dia todo... você esperando o telefone tocar e isto não acontece, a hora passa e você continua na espera – isto é uma intensificação da ansiedade. Agora se imagine aguardando um telefonema que irá acontecer daqui a 2 dias... haverá um sofrimento ainda maior pela espera. A pessoa com ansiedade acaba não vivendo o momento presente e sim um futuro que não aconteceu e que pode não acontecer... Uma pessoa com problemas de ansiedade não consegue viver o presente, pois está sempre vivenciando o futuro, ou seja, quando ela se der conta, perdeu grande parte de sua vida vivendo algo que nunca existiu. Neste exemplo apresentado, trata-se de um transtorno de ansiedade típico.
O evento ansioso é singular, ou seja, o valor que é dado a um determinado evento é característico de cada pessoa, assim, a espera de um telefone pode ser extremamente ansiosa para uma pessoa, enquanto que para a outra isto nada significa. O que dirá se o evento é ou não gerador de ansiedade é o histórico de vida desta pessoa. É o valor que foi atribuído ao evento, portanto, não se pode dizer que todos os transtornos de ansiedade são iguais. Embora que sua sintomatologia seja semelhante, a origem é individual e, podemos dizer que, únicas.
Podemos classificar a ansiedade como sendo de 2 tipos: a Ansiedade Positiva/Normal e a Negativa. A Ansiedade Positiva/Normal seria aquela que nos tira do marasmo e faz com que tenhamos um desempenho de adaptação e este, assim, acaba sendo benéfico – como acontecia com os ancestrais. Já a Ansiedade Negativa é um constante estado de ansiedade, de forma incontrolável, que o corpo entra em estado de estrese e esgotamento... Este segundo já podemos considerar como um Transtorno de Ansiedade.
O Transtorno de Ansiedade é uma espera que se torna apreensiva e intensa, com difícil controle por parte da pessoa e que acaba apresentando alguns dos seguintes sintomas (variável a cada pessoa): inquietação, irritabilidade, dificuldade para dormir, cansaço, taquicardia, suor excessivo, nervosismo, medo. As preocupações são com situações cotidianas e rotineiras.
Dentro dos transtornos de ansiedade tem-se, por exemplo, a claustrofobia (medo de lugares fechados) e a aracnofobia (medo de aranhas) que são específicas de algo, mas tem, também, o Transtorno de Ansiedade Generalizada. Um exemplo de como isto é trabalhado em terapia: uma pessoa que tem transtorno do pânico (que é um transtorno de ansiedade) e que não suporta ficar em multidões, pois uma vez passou mal, evita esta situação por pensar que irá passar mal novamente; se ela for exposta, sem preparação, a este ambiente, o pensamento de que passará mal (ansiedade – pensamento de algo que não aconteceu) fará com que tenha reações orgânicas (sudorese, tremores, taquicardia) e poderá sim passar mal, não por estar em meio a multidão, mas por pensar que passará mal... Assim, o que precisa ser trabalhado na terapia é que o fato original se generalizou para as demais situações (a pessoa acredita que sempre acontecerá a mesma coisa), mas ela desconsidera que o momento e outros fatores são diferentes. Este trabalho é lento e o paciente sofre com isto, por isso é necessário paciência e reforços constantes. Somente assim, o tratamento terá sucesso e o paciente poderá ter uma vida mais equilibrada e aprendendo a controlar sua ansiedade.
Referências Bibliográficas:
Site: PsiqWeb (visitado em 2016)
Fonte da imagem: OMS (Organização Mundial da Saúde)
Carlos Renato Pizzol
Psicólogo (CRP 06/88502)